Da redação Roberto Dias Borba - 28/4/2023 - 12h06min - Aquela edição da gincana da Sojopa começou alegre e bem divertida. Muito mais por ter logo no primeiro box (que seria o último pela numeração do sorteio) a recepção da equipe de Julio Fialkoski. Desde que o dia amanheceu estava anunciado que ao meio dia seria servido um suculento caldo de peixe para quem estaria se aventurando na disputa e também para aqueles que eventualmente chegassem sem convite.

A caravana do jornal A Notícia estava com os pés nas areias da Praia Grande para mais uma cobertura do grande evento de pesca e confraternização. Como estava planejado, iríamos percorrer a pé a metade da extensão de praia onde estavam distribuídos os pescadores. A tarefa seria compartilhada pelo fotógrafo Roberto Adam, enquanto o motorista Alaor Paixão deveria nos encontrar no final da raia.

Fizemos a nossa parte, chegando ao box 1 quase sem fôlego. E aonde está Alaor? Nada de ver o motorista e muito menos o carro, que naquela época não usava a logomarca do jornal. O retorno estava sendo a pé, mesmo que as forças já não existissem para movimentar as pernas. Até que avistamos aquele vulto, com fisionomia abatida e de que tudo estava perdido.

Antes de ser perguntado, Alaor já foi se explicando: “O carro está lá no meio das dunas. Ficou encalhado”. Qual seria o motivo do “acidente” é que ele não teve coragem de dizer. Insistimos e conseguimos destravar a língua para ele falar um português claro: “Precisei ir cagar e para voltar não teve como tirar o carro do atoleiro”.

Saímos em busca de ajuda para não atrasar ainda mais o retorno para Joinville. A primeira equipe na nossa frente era de João Gaspar Rosa, que se prontificou imediatamente para dar uma mãozinha, sem antes soltar uma de suas pérolas: “Pra que ir cagar tão longe? Deve ter um cu muito feio!”, disparou. A cagada foi consertada só com o Jeep do professor Peninha (Avelino Marcante) para tirar o Fusquinha daquele lugar.

Bem além do horário, e com o cansaço redobrado, Adam precisava molhar o pensamento. Para isso, tinha que jogar a âncora mais uma vez onde estava a equipe de Fialkoski. Entre lamúrias, o nosso fotógrafo deu algumas goladas na mais das geladas das cervejas. Ainda não estava inteiramente satisfeito e saímos dali com ele abraçado numa garrafa. Foi conversando e bebericando até a última gota e largou o casco quando passamos pela rotatória de Araquari. Dali para frente simplesmente apagou e foi recobrar os sentidos quase na chegada no jornal, no bairro Atiradores. Bradou para que eu pegasse a máquina do meu lado, no banco traseiro. E cadê a dita cuja.

Entramos na redação com os rostos vermelhos do sol que nos acompanhou a tarde toda, retratando que o “passeio” foi bom na orla de São Francisco do Sul. E onde estaria o equipamento fotográfico de nosso fotógrafo? A página estava lá em branco, sem nenhuma foto de uma tarde inteira de caminhada pela praia. O correspondente Amaury Gualberto foi acionado e vasculhou tudo quanto lugar. No final de uma apurada “investigação”, a pobre máquina estava abandonada sobre o caminhão da equipe de Fialkoski, sem nunca ter ingerido nenhuma gota de cerveja.

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Esta é uma das crônicas que fazem parte de uma futura publicação, que terá o nome de “Glória´s do Menino Jornalista”, uma coletânea com mais de 600 textos em que relato fatos marcantes de minha vida e a trajetória no jornalismo joinvilense e catarinense. Apoiadores e patrocinadores são bem vindos.

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